segunda-feira, 12 de julho de 2010

Caso Bruno: o reflexo do mau planejamento esportivo brasileiro


Na última semana, acompanhamos o desenrolar das informações que esclareceram os fatores relacionados ao assassinato de Eliza Samudio. Com o desenvolvimento das investigações feitas pela polícia mineira e carioca, ficou bastante claro que Bruno, ex-goleiro do Flamengo, foi o maior responsável pelo crime.

Ídolo da torcida flamenguista e atual campeão brasileiro, Bruno era um dos goleiros mais cotados para assumir a camisa número 1 da Seleção Brasileira na próxima Copa, em 2014. Porém, o jogador acabou destruindo sua carreira. Não estou aqui para repetir informações sobre o caso e nem para apontar quais os prejuízos que o jogador enfrentará no futuro. Essa postagem tem o intuito de mostrar que Bruno é o resultado de diversas falhas encontradas nas instituições esportivas brasileiras na formação de um profissional.

Quem nunca ouviu falar que o esporte é um forte instrumento de educação e de formação social da criança e do adolescente? Quem nunca ouviu falar que o esporte é um importante elemento de inclusão social? Quem nunca ouviu falar que o esporte favorece a formação ética do atleta? Sim! Tudo isso é verdade. O esporte é capaz de proporcionar todos esses benefícios ao indivíduo e à sociedade. Entretanto, isso fica difícil quando se percebe que há um grande domínio dos setores financeiros e empresariais sobre o esporte atual.

Tendo como foco o futebol, é evidente que essa grande paixão nacional está tomada pelo lucro. Qualquer jogador, por mais jovem que seja, está submetido a interesses de empresários. O futebol se comporta como uma indústria. Os interesses por um jogador só existem quando ele está rendendo lucros. Por esse motivo, um jovem já é tratado como um profissional. Ele tem horas a cumprir e tem que se dedicar exclusivamente ao seu trabalho. Caso ele queira desviar seu foco profissional para os estudos ou qualquer outra atividade, os empresários e grande parte dos clubes não irão mais se interessar pelo investimento nesse jovem.

Caso ele traga prejuízos, sua carreira está acabada. Quando surge uma mulher exigindo o recebimento de pensão alimentícia, isso significa menor concentração em campo e mais prejuízos. Ele tem que se desfazer de forma rápida de seus problemas pessoais. Se não fizer isso, o profissional é descartado como uma mercadoria qualquer. É assim que os jogadores jovens são vistos. São promessas de geração de lucro e não cidadãos que esperam por uma boa formação educacional.

O goleiro Bruno é, portanto, o produto final dessa falta de preocupação que grande parte dos clubes brasileiros possuem em relação a seus jogadores. O Vasco é uma exceção. Os jogadores da categoria de base do time carioca são obrigatoriamente matriculados num colégio do próprio clube, que funciona no estádio de São Januário. Para se manterem nas equipes de base, os atletas precisam alcançar boas notas.

Claro que essa falta de apoio das instituições esportivas não justifica as ações do jogador Bruno. Porém, casos de garotos humildes que tiveram ascensões meteóricas e que não souberam lidar com a fama e com muito dinheiro vão continuar sendo comuns, caso as instituições do futebol brasileiro permaneçam com a simples preocupação de formar bons jogadores de futebol e não pessoas.

Foto: dichavador.wordpress.com

Um comentário:

  1. Alanzito, tu fala muito bonito.
    É muito importante, realmente, salientar o lado capitalista do futebol. Isso que ce falou confere tim tim por tim tim. É ruim e tal, mas é fato. E temos que aprender a lidar com isso se quisermos melhorar alguma coisa.
    O exemplo do Vasco é bem próximo, já que ambos os clubes são cariocas, mas nota-se essa discrepância horrível.
    O Bruno é responsável pelo que ele fez e não há nada que possa justificar. Agora é esperar que a tal justiça seja feita, né.
    Ótima postagem, garotinho.
    =]

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