terça-feira, 27 de julho de 2010

Atitude polêmica da Ferrari gera sérias discussões com a FIA

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“Você pode confirmar que entendeu essa mensagem?”

Desde o último domingo (25), a frase do engenheiro de provas, Rob Smedley, do piloto brasileiro, Felipe Massa, tornou-se uma das maiores polêmicas da história da Fórmula 1. Um ano após o acidente sofrido por Massa, no GP da Hungria de 2009, os fãs do piloto puderam acompanhar, durante o fim de semana, um desempenho brilhante que o fez largar na terceira posição e, logo na primeira volta, conquistar a ponta, ultrapassando Sebastian Vettel, da RBR, e o companheiro de Ferrari, Fernando Alonso. No entanto a disputa não terminou tão empolgante quanto o previsto.

No circuito de Hockenheim, Felipe Massa liderava a corrida por 40 voltas até que, na volta 48, pelo rádio, Rob Smedley fala pausadamente para Massa: “Alonso está mais rápido do que você. Você pode confirmar que entendeu essa mensagem?”. E o piloto brasileiro entendeu. Na volta seguinte, Massa tira o pé do acelerador e deixa Fernando Alonso assumir a primeira posição. Logo depois, o engenheiro fala novamente: “OK companheiro, bom rapaz. Permaneça com ele agora. Desculpe.”

Ao final da corrida, para a equipe da Ferrari, ficou a festa pela dobradinha. Para a imprensa e para os espectadores, dúvidas, decepção e indignação pelo ocorrido.

O que diz a Ferrari

Oficialmente, o jogo de equipes está banido da Fórmula 1 desde um então acidente envolvendo outros dois pilotos da Ferrari, em 2002. Oito anos atrás, no GP da Áustria, o brasileiro, Rubens Barrichello, deixou o companheiro de equipe, Michael Schumacher, ultrapassá-lo por estar melhor posicionado na classificação geral do campeonato. Na ocasião, a Ferrari justificou a orientação dada aos pilotos, afirmando que a prioridade era a classificação no campeonato. Além do mais, no pódio, o alemão pediu a Rubinho que ocupasse o primeiro lugar e ainda cedeu o troféu de campeão para o brasileiro, que havia terminado em segundo colocado. Atitude nem de longe parecida com a de Fernando Alonso.

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A polêmica entre Rubinho e Schumacher rendeu sérias discussões e a criação de punições para outros incidentes como o ocorrido.

Em entrevista aos repórteres, o assessor de imprensa da Ferrari, Luca Colajanni, defendeu a escuderia:

“Nós não mandamos Fernando passar. Foi uma decisão do piloto. Nós informamos aos pilotos sobre a situação. Não demos nenhuma instrução durante todo o tempo sobre o que eles deveriam fazer. Foi uma decisão própria dele (Felipe)”, comentou Colajanni.

Já o chefe da equipe, Stefano Domenicali, culpou os “pneus” de Massa pela queda no rendimento e pela consequente vitória de Alonso.

O que dizem os pilotos

Felipe Massa preferiu não polemizar o fato em entrevista após a corrida. Para os jornalistas brasileiros, o piloto afirmou que:

"Tomei a decisão para o melhor da equipe. É lógico que não é a primeira vez que isso acontece e com certeza para a equipe os pontos valerão bastante. Não posso falar que estou feliz da vida, porque, para mim, a felicidade é a vitória. Não corro aqui para chegar em segundo. Então é pensar para frente e na vitória", afirmou Felipe Massa.

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Fernando Alonso, alegre com o resultado, disse não saber o que houve com o companheiro de escudeira:

"Não sei o que aconteceu. Mas na saída da curva 6, vi Felipe um pouco lento e tentei ultrapassá-lo. É preciso aproveitar cada oportunidade porque é um circuito muito difícil para superar rivais", destacou o piloto espanhol.

Punição

Após o GP da Alemanha, a Ferrari recebeu a penalidade máxima, 100 mil dólares de multa, imposta pelos comissários da FIA, por considerarem que a equipe quebrou o regulamento da F1 após incitar Felipe Massa a ceder a liderança da prova a Fernando Alonso. O ato foi enquadrado no artigo 39.1 do regulamento desportivo da F1 e no artigo 151.c) do Código Desportivo Internacional da FIA. Esse último artigo é o responsável por levar a equipe aos tribunais da federação, em Paris.

O Conselho Mundial da FIA se reunirá no dia 10 de setembro, e uma das pautas de discussões será o ato protagonizado pela Ferrari em Hockenheim. Isso se não houver uma reunião extraordinária para julgar o caso. Diante da decisão do Conselho, se punida, a equipe pode ser enquadrada no artigo 153, do Código Desportivo Internacional, que acarreta uma ou mais das seguinte punições:

  • Reprimenda
  • Multa
  • Punição de tempo
  • Exclusão
  • Suspensão
  • Desclassificação

A posição do Conselho pode considerar que a equipe já recebeu a punição de multa e encerrar o caso. No entanto, em outras oportunidades, a FIA já afirmou condenar qualquer tipo de manipulação de resultado, o que poderia acarretar em exclusão do campeonato ou desclassificação da equipe, que impediria a Ferrari de participar de qualquer competição promovida pela FIA. Hipóteses não muito prováveis se tratando da Ferrari. Outra possibilidade é apenas a retirada de pontos da equipe, o que se apresenta como uma das punições mais possíveis.

Imagens: Terra

5 comentários:

  1. Brilhante análise do caso, moça.

    Mais uma vez, a Ferrari me vem com uma atitude desprezível! Lamentável!

    Como diria o Niki Lauda... "Uma vergonha".

    Agora é esperar pra ver qual a decisão da FIA, né. Todavia, deve-se levar em consideração que não é a primeira vez que isso acontece. Com o caso, Felipe Massa se junta a Barrichello na lista dos brasileiros que foram injustamente roubados pela escuderia italiana! Já deu até charge que o Maurício Ricardo fez.

    Esperar até setembro é que é uma lástima. Ironicamente, a justiça seria lenta até na Fórmula 1?

    Vamos pagar pra ver.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Se o Massa estivesse no lugar do Alonso, haveria todo esse clamor por justiça por parte dos brasileiros?

    Várias vezes, Senna foi beneficiado pelo uso do mesmo recurso e ninguém falou nada.

    Qual o sentido de se ter equipe na Fórmula 1? A verdade é que não existe equipe brasileira...só pilotos. Se a Ferrari fosse brasileira, certamente estaríamos elogiando a estratégia da equipe.

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  4. De fato, Alan, se o fato em questão favorece ao brasileiro estaria sendo comemorado até agora.

    Há que ser lembrado para os ufanistas de plantão: FELIPE MASSA É UM EMPREGADO. Sem mais.

    Quem aqui chegaria pro chefe, após ele mandar que um trabalho seja feito e mandaria um "que se foda. não quero. não vou fazer". Ninguém. Se ele vai contra um comando de seus superiores, no mínimo, ele não saberia trabalhar em equipe e, dessa forma, estaria arruinando sua carreira com esta atitude.

    No esporte, na maioria das vezes, vale tudo em nome do coletivo e, como esportista, Massa foi muito coerente.

    Já a Ferrari, convenhamos, é uma equipe com anos e anos de tradição. Não é qualquer uma. Ela foi antidesportiva? E como explicar a queda de rendimento do carro de Massa na corrida?

    Engraçado que agora todo mundo pensa (ou pelo menos deveria) antes de chamar o Rubinho de troxa, porque em determinado momento ele teve a mesma atitude.

    Tenho certeza que quem teve como primeira atitude criticar o Massa, no dia seguinte, teve que ir trabalhar e obedecer ordens da mesma maneira. Ganhando muito menos, óbvio.

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  5. O trabalho em equipe foi levado bastante em consideração, sim!

    Mas a individualidade e a tal competição fora da disputa pelo mundial de construtores foi banida naquele ato!
    O Massa foi, sim, prejudicado. Isso é indiscutível.

    E também é indiscutível que o jogo em equipe foi favorecido, mesmo com a cara de pau do Alonso e da Ferrari. Portanto, fim de papo.
    :P

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